sábado, 22 de dezembro de 2012

Louise Brooks




O que explica que uma quase desconhecida personalidade do cinema mudo, ignorada durante tanto tempo, torne-se, cada dia mais, uma febre mundial? 
O que existe nas antigas fotografias cor sépia, ou nas precárias imagens dos remanescentes filmes mudos, que justifique este interesse, curiosidade ou admiração, em pessoas de lugares tão diferentes?
Os nomes Greta Garbo ou Marlene Dietrich são famosos, mas quem foi Louise Brooks?
Se ela foi considerada melhor que estas outras atrizes, porque caiu no esquecimento e porque agora ressurgiu? 

Louise Brooks foi, sem dúvida, uma atriz à frente de seu tempo. Dona de uma beleza incomum, também era dotada de uma personalidade fortíssima e uma vontade determinada. Numa época em que a maioria dos atores e atrizes, para ter trabalho, tornavam-se submissos e eram explorados ao máximo, mal pagos e, frequentemente, nem tinham seus nomes exibidos nos créditos dos filmes, o seu temperamento era por demais explosivo e Louise ao não aceitar as normas vigentes na ainda jovem Hollywood incomodou muito aos donos de estúdios, o que de certa forma explica o porquê dela ter sido colocada de lado por tantos anos. 

Mary Louise Brooks teve uma carreira breve em Hollywood, tendo participado de 24 filmes entre os anos 1925 e 1938. Sua imagem e atitudes permanecem, no entanto, como símbolos de uma época e uma de suas características mais lembradas será sempre o corte de cabelo liso e curto, que lançou moda e tornou-se um ícone dos anos 20. Surpreendente também é a capacidade que suas imagens têm de prender a atenção das pessoas sem que elas nem sequer saibam de quem se trata. 

Os relatos são muito semelhantes. Um fã diz ter encontrado uma foto daquela desconhecida em uma loja de antiguidades, entre tantas outras e diz que sentiu uma compulsão em comprar aquela fotografia e tentar descobrir quem era a garota. Outro diz que cresceu enfeitiçado por uma fotografia que seu pai tinha colada na parede da sala e que, após adulto, não descansou até descobrir quem era. 

Se apenas um filme pudesse ser selecionado para lembrar seu trabalho, este não seria nenhum dos produzidos em Hollywood, mas sim "A Caixa de Pandora", rodado na Alemanha e considerado um clássico. Nesta produção de 110 minutos de duração, disponível em DVD, Louise interpreta Lulu, uma mulher sedutora, que hipnotiza e destrói todos os homens que se aproximam dela. 
Há quem diga que sua tumultuada vida amorosa, teria lhe servido de inspiração para a personagem, pois de fato Louise teve muitos romances, sendo o mais famoso com Charles Chaplin.
 

Em 1955, na exposição 60 Anos de Cinema realizada no Museu de Arte Moderna, em Paris, foi colocado na entrada do prédio, em grande destaque, um imenso poster de Louise. Perguntado porque havia escolhido Louise para aquela posição de honra, no lugar de Greta Garbo ou Marlene Dietrich, atrizes bem mais populares, o diretor da Cinemateque Française, Henri Langlois, fez a declaração que se tornaria eterna:
"Não existe Garbo. Não existe Dietrich. Existe apenas Louise Brooks".



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